Em edição feita para Messi, Uruguai garante a hegemonia na Copa América

25/07/2011 07:56

 As câmeras estavam viradas para Messi. Mas o astro do Barcelona, mais uma vez, decepcionou com a camisa da seleção. E a Argentina foi eliminada nas quartas de final. A expectativa era toda em cima de Neymar, que havia acabado de levar o Santos ao título da Taça Libertadores e tinha propostas milionárias do futebol europeu. Mas o que se viu foram apenas lampejos de dribles e pedaladas. E o Brasil também decepcionou. Caiu diante do Paraguai. Em uma eliminação histórica e marcante. Pela primeira vez, a Seleção perdeu quatro penalidades em uma mesma partida. E o oitavo lugar no geral foi a pior colocação da história moderna da competição. Mas a Copa América não foi feita só de fracassos. Ela serviu também para consagrar uma geração e devolver o orgulho de um gigante que andava adormecido no futebol. Com uma equipe bem armada e muita garra, o Uruguai de Forlán, Lugano e Suárez conquistou o continente e levantou a taça pela 15ª vez, assumindo novamente a hegemônia diante da rival Argentina.

CLASSIFICAÇÃO FINAL
DA COPA AMÉRICA 2011
  1º - Uruguai
  2º - Paraguai
  3º - Peru
  4º - Venezuela
  5º - Chile
  6º - Colômbia
  7º - Argentina
  8º - Brasil
  9º - Costa Rica
10º - Equador
11º - Bolívia
12º - México

Serviu também para mostrar a evolução do futebol venezuelano. Antigo saco de pancadas do continente, o Vinotinto surpreendeu com um futebol sólido e eficiente. E conseguiu um inédito quarto lugar após empatar com o Brasil e o Paraguai (duas vezes) e vencer Equador e Chile.

- Nossa maior conquista foi passar a ter o respeito dos adversários. Mostramos que podemos ter brilho e entrar em campo sem temer ninguém. Hoje o mundo sabe que na América do Sul há uma outra seleção com qualidade - disse o técnico venezuelano César Farias após o quarto lugar.

Não foi uma Copa América dos artilheiros. O peruano Guerrero terminou como principal goleador ao balançar a rede cinco vezes. Mas os ataques não se mostraram tão inspirados. Com 54 gols em 26 jogos, a 43ª edição da competição teve a segunda pior média da história com apenas 2,07 gols por partida.

- Parece-me que atualmente as grandes potênciais sul-americanas já não têm mais tanta superioridade assim contra o resto do continente e a diferença do nível do futebol está bem menor - analizou o ex-atacante chileno Iván Zamorano.

Luis Suárez não era apontado entre as estrelas da Copa América no início da competição. Messi, Tevez, Agüero, Neymar, Alexandre Pato, Diego Forlán, Roque Santa Cruz, Falcão... ficavam com todas as atenções. Mas, no fim, foi o atacante do Liverpool quem brilhou e levou o prêmio mais cobiçado entre os jogadores. Suárez foi eleito pelos jornalistas que cobriram o torneio o melhor jogador da Copa América. Com quatro gols, dois deles na semifinal contra o Peru e outro na decisão contra o Paraguai, ele desbancou a concorrência e ficou também com a vice artilharia, terminando apenas atrás do peruano Guerrero, que marcou cinco vezes.

Luis Suárez, o melhor jogador da Copa América

O Uruguai dominou as premiações da Copa América. Além de Suárez, o zagueiro Coates, de apenas 20 anos e que estava na mira do São Paulo, foi eleito a revelação da competição. A seleção treinada por Óscar Tábarez ganhou ainda o prêmio de Fair Play como time mais disciplinado do campeonato.

O melhor goleiro do torneio foi o goleiro Justo Villar, herói do Paraguai nas disputas de pênalti contra o Brasil e contra a Venezuela, que garantiram a equipe na final. E o artilheiro foi o peruano Paolo Guerrero, autor de cinco gols para a seleção que ficou em terceiro lugar.

Vaga garantida na Copa das Confederações

Com a conquista da Copa América, o Uruguai garantiu lugar na Copa das Confederações de 2013, que vai ser disputada no Brasil. Vai ser a segunda vez que o país participa da competição. Até agora, cinco das oito seleções já estão confirmadas. Além do Uruguai, o Brasil por ser o país-sede da Copa de 2014, a Espanha, por ser a atual campeã do Mundo, o México, representando a Concacaf e o Japão, por ter conquistado a Copa Asiática de seleções. Ainda falta definir os representantes da Europa, da África e da Oceania.

A Copa América em 10 atos:

 

Pênaltis nas alturas 
O buraco levou a culpa. Mas as quatro cobranças erradas do Brasil na decisão por pênaltis contra o Paraguai nas quartas de final da Copa América entraram para a história. Nunca havia acontecido algo parecido com a Seleção. A cobrança de Elano passou 3,7 metros acima da linha do gol, enquanto André Santos mandou a bola a 3,4 metros. Thiago Silva chutou mal para a defesa do goleiro Justo Villar. E Fred errou a mira e também chutou para fora. Resultado... após o empate por 0 a 0 no tempo normal e na prorrogação, o Brasil voltou para a casa com uma estranha derrota por 2 a 0 na disputa por pênaltis.
Onde deve jogar Messi?

Melhor jogador do mundo, vencedor de todos os títulos possíveis com o Barcelona nos últimos dois anos. E a pergunta que mais se fez na Copa América foi por que Messi não consegue repetir na Seleção Argentina as boas atuações do clube espanhol? Até Mano Menezes defendeu o camisa 10 argentino.

- Aqui ele enfrenta seleções formadas pelos melhores jogadores daquele país. Existe uma diferença grande de jogar contra o Getafe e diante da Colômbia. Precisamos aceitar isso - disse o treinador brasileiro. 

O técnico Baptista tentou de todas as formas solucionar a charada. Primeiro, escalou a Argentina com a mesma distribuição tática do Barcelona. Não deu certo. Após dois empates decepcionantes contra Bolívia (1 a 1) e Colômbia (0 a 0), o treinador resolveu recuar o meia e apostar em Messi como armador. Deu certo contra a Costa Rica (3 a 0) e contra o Uruguai (1 a 1). Mas faltou o camisa 10 chamar a responsabilidade e decidir no momento certo.

O jogão da Copa América: Argentina x Uruguai nas quartas de final

Goleiros

Foi um jogo épico, emocionante, digno das grandes competições. E, mesmo jogando em casa, a Argentina sucumbiu. A seleção de Diego Forlán levou a melhor nos pênaltis por 5 a 4, em Santa Fé, e se garantiu nas semifinais da Copa América. O nome do jogo foi um atleta nascido em Buenos Aires, mas filho de uruguaios. O goleiro Fernando Muslera foi o herói da Celeste com grandes intervenções na etapa regular do confronto e ainda pegou uma cobrança de Carlitos Tevez na disputa de pênaltis depois da prorrogação sem gols. Isso tudo sem falar que os uruguaios tiveram um jogador a menos desde os 37 minutos do primeiro tempo até os 41 da etapa final. Diego Peréz foi expulso, enquanto Mascherano também recebeu o vermelho, mas quase no fim do tempo normal.

A disputa das musas
O Fenômeno Larissa Riquelme, que ganhou fama mundial ao torcer pelo Paraguai durante a Copa do Mundo de 2010, fez várias modelos tentarem usar a mesma tática e buscar a fama instantânea nesta Copa América. O que se via nos estádios e nas redes sociais era uma disputa para ver quem tinha o maior decote, quem era mais sensual. Algumas passaram dos limites, como a venezuelana Brenda Perez, que resolveu tirar a roupa e pintar um biquini no seu corpo ao vivo pela twittcam, com milhares de internautas observando. Com dez quilos a mais em relação ao ano passado quando teve as fotos circulando pelos quatro cantos do planeta, Larissa viu as modelos paraguaias Patty Orue e Egny Eckert ganharem a atenção dos fãs. Egny foi eleita a musa da Copa América em eleição feita pelo GLOBOESPORTE.COM.

 

Nova geração ainda verde
Neymar e Ganso centralizaram os holofotes da Seleção. Chegaram para a Copa América como os responsáveis para levar o Brasil ao tricampeonato. Mas não brilharam como o esperado. Alexandre Pato também gerou dúvidas em relação a ser o futuro goleador do time canarinho. O atacante desperdiçou algumas chances e falhou nas horas decisivas. O meia Lucas, do São Paulo, foi outro que teve o nome gritado pelos torcedores em todos os jogos. Mas entrou em todas as quatro partidas sem conseguir se destacar. No fim, o Brasil não teve um jogador seguer na seleção dos melhores da Copa América.

Mascote sem brilho
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Consagração de Diego Forlán

Rei dos empates
O finalista paraguai perdeu o título para o Uruguai e se despediu da Copa América sem ter vencido uma única partida. Pela primeira vez na história uma seleção sul-americana chegou à final com cinco empates: Venezuela (duas vezes), Brasil (duas vezes) e Equador. 

Foi uma Copa América para o camisa 10 uruguaio. Na primeira fase, ele superou Rodolfo Rodrigues e passou a ser o jogador mais partidas pela Celeste. Já na final, Forlán marcou dois gols, quebrou o jejum de gols que vinha desde a Copa do Mundo de 2010. Hector Scarone (31 gols em 52 jogos) e entrar para a história da Celeste. Scarone defendeu a camisa uruguaia entre 1917 e 1930. O atacante estava na seleção que conquistou a primeira Copa do Mundo, no Uruguai, e as duas medalhas de ouro olímpicas - 1924, em Paris; e 1928, em Amsterdã - além de ter levantado quatro vezes a Copa América.

Venezuela como um bom vinho

A nova cavadinha de Loco Abreu
Durante a animada comemoração uruguaia no vestiário do estádio Monumental de Nuñez, Loco Abreu foi "traído" por Diego Forlán, que registrou e postou na Internet um vídeo com a taça da Copa América sem perceber que ao fundo o atacante do Botafogo estava rebolando de cueca como se fosse uma dançarina de axé. E Loco Abreu ainda leva uns tapas do volante Gargano... Quando vê que está sendo filmado com a "cavadinha”, o botafoguense fica sem graça e arruma a cueca. Um pouco mais tarde, todo arrumado e já com o tradicional terno da seleção uruguaia, Loco Abreu reagiu com bom humor ao saber que as imagens já tinham se espalhado e virado assunto na internet.

- Se é só de cueca não tem problema, não (risos). Agora que a gente foi campeão pode tudo. Se tiver respeito com a gente não tem problema não - disse Loco Abreu.